Poesias
Contra o tempo
Aqui os relógios não fazem tique-taque.
Muitos não fazem nenhum barulho.
São contadores mudos,
de línguas arrancadas pela Era digital.
Não há romantismo nesses visores fosforescentes.
Então olho para o tempo pela janela.
Brinco de adivinhar as horas,
olho o caminhar lento do Sol,
e quando a Lua vira protagonista
gosto de ver tudo virar nuance
e observar as faíscas a iluminar os casulos
de dois e três dormitórios.
Amanhã as abelhinhas os abandonarão novamente
para serem as boas operárias da Rainha.
E eu...
Eu sigo sendo Quixote
sem lança,
sem escudo,
sem cavalo,
brigando contra moinhos
de ditas invencíveis pás.
Bárbara Sanco
06/11/2015